O documentário "Brazil Beyond Citizen Kane", ou em seu título em português "Muito Além do Cidadão Kane" foi produzido pelo Channel Four, canal público britânico, em 1993.
Ele é igual maconha: é proibido, mas qualquer universitário tem acesso.
Mesmo desempenhando papel de importância, o documentário comete alguns equívocos. E, da mesma forma, seus admiradores cometem vários equívocos, ao considerarem-no fonte fiel de toda a verdade e contra a alienação. E são alguns pontos duvidosos do documentário que analisamos agora.
Ele é igual maconha: é proibido, mas qualquer universitário tem acesso.
Mesmo desempenhando papel de importância, o documentário comete alguns equívocos. E, da mesma forma, seus admiradores cometem vários equívocos, ao considerarem-no fonte fiel de toda a verdade e contra a alienação. E são alguns pontos duvidosos do documentário que analisamos agora.
Algumas afirmações do documentário:
- "Os jornais são caros e nenhum é nacional"
NÃO PROCEDE.
À época do documentário, muitos jornais já existiam no Brasil, afinal não era início do século XX, já se trata de 1993. A negação-mor dessa afirmativa é a própria Rede Globo, que nasceu a partir de um jornal, O Globo.
- "O sistema é chamado 'Capitalismo Selvagem'"
INCONSISTENTE.
Não há esse termo dentro das ciências econômicas, sendo o 'capitalismo selvagem' uma referência poética descrita numa música da banda Titãs, e não um termo científico usado no Brasil como parece ser a interpretação dada pelo documentário.
- "A maioria dos brasileiros consome apenas as imagens. Apenas um terço da população pode pagar pelos serviços e produtos anunciados na televisão"
PROCEDE.
Ainda mais pelo fato de o Brasil, à época ser a 3ª nação mais desigual do mundo, e hoje já ser a 2ª mais desigual.
- "Silvio Santos poderia ter apresentado mãe e filha logo no primeiro encontro"
INCONSISTENTE
O documentário não mostra a fonte pra essa afirmação. Nem sequer entrevista as participantes do quadro "Porta da Esperança" para que confirmemos este fato.
- "Não como, só transporto" - da imagem do homem transportando carne.
INCONSISTENTE.
O fato de alguém estar ou não estar consumindo determinado produto não é nem nunca foi ponto de partida para afirmar a pobreza de um país.
NÃO PROCEDE.
À época do documentário, muitos jornais já existiam no Brasil, afinal não era início do século XX, já se trata de 1993. A negação-mor dessa afirmativa é a própria Rede Globo, que nasceu a partir de um jornal, O Globo.
- "O sistema é chamado 'Capitalismo Selvagem'"
INCONSISTENTE.
Não há esse termo dentro das ciências econômicas, sendo o 'capitalismo selvagem' uma referência poética descrita numa música da banda Titãs, e não um termo científico usado no Brasil como parece ser a interpretação dada pelo documentário.
- "A maioria dos brasileiros consome apenas as imagens. Apenas um terço da população pode pagar pelos serviços e produtos anunciados na televisão"
PROCEDE.
Ainda mais pelo fato de o Brasil, à época ser a 3ª nação mais desigual do mundo, e hoje já ser a 2ª mais desigual.
- "Silvio Santos poderia ter apresentado mãe e filha logo no primeiro encontro"
INCONSISTENTE
O documentário não mostra a fonte pra essa afirmação. Nem sequer entrevista as participantes do quadro "Porta da Esperança" para que confirmemos este fato.
- "Não como, só transporto" - da imagem do homem transportando carne.
INCONSISTENTE.
O fato de alguém estar ou não estar consumindo determinado produto não é nem nunca foi ponto de partida para afirmar a pobreza de um país.
- "O incrível Chacrinha, por seu caráter subversivo, teve seu programa cancelado pela Globo por dez anos"
NÃO PROCEDE.
No período em que esteve afastado da Rede Globo, entre 1972 e 1982, Chacrinha estava trabalhando na TV Tupi (de 1972 a 1978) e na Rede Bandeirantes (de 1978 a 1982), e não na "geladeira" da Globo como o documentário sugere.
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Algumas ideias que o documentário passa:
- Só consegue uma concessão de TV no Brasil aquele empresário que não for opositor do governo.
PROCEDE, em termos.
O documentário dá provas de que isso realmente ocorre no Brasil.
Ora, se essa afirmativa for verdadeira, isso inclui também a Rede Record, que na época do documentário havia praticamente acabado de ser comprada por Edir Macedo e de sair da falência iminente. Na verdade, inclui qualquer emissora, e isso faz do documentário uma ameaça a qualquer uma.
- A Rede Globo manipulou o debate das eleições de 1989, de maneira que foi peça chave para a eleição de Fernando Collor para presidente da República.
PROCEDE, em termos.
É engraçado ver o Lula, à época do documentário, dando depoimento e reclamando da manipulação para a eleição de Collor se, hoje em dia, já eleito presidente, tem Collor como um de seus aliados. Só esse fato já desqualifica toda e qualquer reclamação que Lula tenha dessa época.
- A Rede Globo ocultou as manifestações das "Diretas Já" enquanto pôde, inclusive afirmando que eram pela comemoração do aniversário de São Paulo.
PROCEDE.
A Globo só desistiu de manipular aquele fato quando percebeu que suas gigantes proporções aim torná-lo impossível de ser ocultado para sempre.
Os leitores globistas que desculpem, mas isso é incontestável pelas próprias imagens do documentário.
- A Rede Globo através de suas novelas promove uma imagem de um Brasil que não existe, sendo culpada pela alienação de seus telespectadores.
NÃO PROCEDE, em termos.
À época em que foi realizado o documentário, outras emissoras (SBT, Manchete e até mesmo a Bandeirantes) produziam novelas na mesma linha da Globo:bonvivants de um lado, pobres nem tão pobres do outro, e forte apelo sexual pra fechar o pacote.
A Record, que nessa época ainda era uma emissora recém-resgatada do abismo, chegou a afirmar recentemente que as novelas DA GLOBO são responsáveis pela infelicidade dos casais que as assistem ao redor do mundo. Curiosamente, boa parte dos atores e também dos autores de suas novelas, vêm justamente daquela emissora a qual eles atribuem tanto mal.
Resumindo: se as novelas alienam, fazem isso independentemente da emissora.
- A Globo está sempre apoiando o governo, não interessa quem seja esse governo, de acordo com seus interesses.
PROCEDE, em termos
Esta pseudoimparcialidade, na verdade, é um comportamento de todas as emissoras do Brasil. A Globo, por exemplo, transmitiu ao vivo a "festa da vitória" quando Lula ganhou em 2002. A Record, por sua vez, convidou Lula, Dilma Roussef e o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral para que fossem à recente inauguração dos novos estúdios da RecNov (Record Novelas). Lula e Dilma, inclusive, brincaram de atuar num cenário de novela, depois brincaram de cinegrafista.
Por fim, Lula disse um discurso onde desejava sorte à nova fase da emissora, e citava o "preconceito" sofrido pelos jornalistas da Record. Tudo transmitido pela emissora do Bispo e, por sua vez, Lula também não dispensa uma aparição na Globo (como citaremos na parte 4/4).
Ou seja, no Brasil a relação entre televisão e política é imensamente estreita.
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Por isso, mesmo tendo as controvérsias da Globo como carro chefe, não é errado afirmar que o documentário "Muito Além do Cidadão Kane" tem potencial comprometedor para várias outras emissoras privadas do Brasil.
Opiniões discordando da análise feita acima serão bem-vindas e aceitas, desde que feitas com educação. Reconheço que as opiniões podem não entrar em acordo. Portanto, faça seu comentário expondo seus argumentos.
Espere, porém, as partes restantes desta série de quatro artigos, pois são partes essenciais da análise.
PROCEDE, em termos.
O documentário dá provas de que isso realmente ocorre no Brasil.
Ora, se essa afirmativa for verdadeira, isso inclui também a Rede Record, que na época do documentário havia praticamente acabado de ser comprada por Edir Macedo e de sair da falência iminente. Na verdade, inclui qualquer emissora, e isso faz do documentário uma ameaça a qualquer uma.
- A Rede Globo manipulou o debate das eleições de 1989, de maneira que foi peça chave para a eleição de Fernando Collor para presidente da República.
PROCEDE, em termos.
É engraçado ver o Lula, à época do documentário, dando depoimento e reclamando da manipulação para a eleição de Collor se, hoje em dia, já eleito presidente, tem Collor como um de seus aliados. Só esse fato já desqualifica toda e qualquer reclamação que Lula tenha dessa época.
- A Rede Globo ocultou as manifestações das "Diretas Já" enquanto pôde, inclusive afirmando que eram pela comemoração do aniversário de São Paulo.
PROCEDE.
A Globo só desistiu de manipular aquele fato quando percebeu que suas gigantes proporções aim torná-lo impossível de ser ocultado para sempre.
Os leitores globistas que desculpem, mas isso é incontestável pelas próprias imagens do documentário.
- A Rede Globo através de suas novelas promove uma imagem de um Brasil que não existe, sendo culpada pela alienação de seus telespectadores.
NÃO PROCEDE, em termos.
À época em que foi realizado o documentário, outras emissoras (SBT, Manchete e até mesmo a Bandeirantes) produziam novelas na mesma linha da Globo:bonvivants de um lado, pobres nem tão pobres do outro, e forte apelo sexual pra fechar o pacote.
A Record, que nessa época ainda era uma emissora recém-resgatada do abismo, chegou a afirmar recentemente que as novelas DA GLOBO são responsáveis pela infelicidade dos casais que as assistem ao redor do mundo. Curiosamente, boa parte dos atores e também dos autores de suas novelas, vêm justamente daquela emissora a qual eles atribuem tanto mal.
Resumindo: se as novelas alienam, fazem isso independentemente da emissora.
- A Globo está sempre apoiando o governo, não interessa quem seja esse governo, de acordo com seus interesses.
PROCEDE, em termos
Esta pseudoimparcialidade, na verdade, é um comportamento de todas as emissoras do Brasil. A Globo, por exemplo, transmitiu ao vivo a "festa da vitória" quando Lula ganhou em 2002. A Record, por sua vez, convidou Lula, Dilma Roussef e o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral para que fossem à recente inauguração dos novos estúdios da RecNov (Record Novelas). Lula e Dilma, inclusive, brincaram de atuar num cenário de novela, depois brincaram de cinegrafista.
Por fim, Lula disse um discurso onde desejava sorte à nova fase da emissora, e citava o "preconceito" sofrido pelos jornalistas da Record. Tudo transmitido pela emissora do Bispo e, por sua vez, Lula também não dispensa uma aparição na Globo (como citaremos na parte 4/4).
Ou seja, no Brasil a relação entre televisão e política é imensamente estreita.
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Por isso, mesmo tendo as controvérsias da Globo como carro chefe, não é errado afirmar que o documentário "Muito Além do Cidadão Kane" tem potencial comprometedor para várias outras emissoras privadas do Brasil.
Opiniões discordando da análise feita acima serão bem-vindas e aceitas, desde que feitas com educação. Reconheço que as opiniões podem não entrar em acordo. Portanto, faça seu comentário expondo seus argumentos.
Espere, porém, as partes restantes desta série de quatro artigos, pois são partes essenciais da análise.
1 comentários:
"Os jornais são caros e nenhum é nacional"
Falha na tradução da dublagem que deixou a frase ambígua. Ele não diz que não havia produção de jornais internos no Brasil e sim que nenhum dos jornais da época tinha alcance nacional.
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